quinta-feira, 12 de agosto de 2010

o inicio da continuaçao da minha viagem

Beatriz,

É o nome da minha princesa, a minha continuação está no mundo e é um bebé lindo. Apesar de um pouco agitada não deixo de me sentir orgulhoso por ter concebido uma menina perfeita, linda e saudável...

Apesar de já estar a contar com a forte mudança, o impacto é tão grande que parece termos um camião em cima das costas, mas no fim do dia ao vê-la dormir é muito gratificante ver a cara de anjo que esta postada diante meus olhos.



Esta foi uma pequena fala sobe o que sinto em ser pai pela primeira vez, mas o que me leva realmente a escrever é sobre como a vida nos pode pregar tamanhas partidas e nem com isso verter uma lágrima que seja e o mais difícil de entender é que nem nos deixa a nós verter uma lágrima.

Quando me deparei com ela pensei que mais um degrau estava a ser formado diante da minha vida, mas depois vi que não tinha razão para me preocupar com ele pois seria insignificante, mas mais tarde e ao aproximar-me dele, reparo que este degrau se transformou num muro forte, uma parede que seria intransponível. Na parede esta escrito a seguinte palavra, “MORTE”!

O que pensar quando sabemos que o ser mais importante para nós tem este muro sobre as costas e que só ele o pode transportar? Como podemos nós que estamos de fora ver e ficar ao ver que nada podemos fazer? Pensei que com a criação de vida o rosto da morte fosse aniquilado e esse muro fosse destruído, pensei que a uma nova vida fosse anular o destino de cada ser humano, neste caso do ser humano mais importante da minha vida.

Fiquei anestesiado, como se parasse no tempo e tudo o que me rodeia gira-se sob o meu olhar paralisado pelo horror do presente que me esta diante das mãos.
Sendo a alegria a fonte de vida do Homem pensei em criar uma fonte infinita para que dela pudesse beber e o muro desfazer. Fiz a Bea…

A noticia caiu como um banho dessa doce água que transbordava da fonte, o muro deixou de existir por instantes, a vida retomou o seu rumo normal, como se até o pequeno degrau nunca tivesse existido, e então eu acreditei que seria possível, acreditei naquilo que sempre pensei ser a realidade, o bem ganha ao mal.


Mas o que é certo é que o meu maior desejo tornou-se no meu maior choro, a minha força e vontade de gritar por mais uma vida ter vindo, ficou-se pelo sorriso leve e com medo, a felicidade que existe dentro de mim não consegue sair na sua totalidade pois não é completa, eu queria mais… mas o mais foi-me negado.

As recordações são cada vez mais constantes e de tal forma que só consigo pensar num futuro que sei que jamais existirá. Como contornar os escombros do muro que finalmente caiu? Como aliviar o peso que ainda está em mim? Será que a felicidade dói sempre assim? Sim, para mim neste momento posso dizer que sou feliz, tenho o que preciso para tal e vou tendo o que quero mas não posso deixar de dizer que a minha felicidade dói, dói, dói sem parar, sem cessar por instantes sequer para poder ganhar novo fôlego, dói porque o motivo da minha felicidade não está mais comigo.


Se posso dizer que sou feliz, posso também reclamar, pois o preço foi muito alto para isso, e se assim é não o sou, pois não vi Deus, não vi a Sua Obra naquilo que me aconteceu.

Não vou dizer que estou chateado com Ele, mas o pior é que estou triste pois vejo que Ele não passa de um ser comum inventado pela sociedade para os fracos de espírito, para quem não tem coragem de pensar por si mesmo. Onde está a justiça que Ele tanto reclama?


Resta levantar-me, erguer a cabeça, e caminhar para o que resta, caminhar para o inicio do resto da minha vida…Sozinho!!!

Acerca de mim

A minha foto
porto, gondomar, Portugal